segunda-feira, 25 de abril de 2016

QUEIXAS LEGÍTIMAS

A expressão de parte dos nossos sentimentos e emoções através das queixas faz parte natural da experiência humana, visto que NÃO EXISTE ser humano que nunca tenha vivido esta experiência de se queixar de algo e/ou de alguém! Contudo, para o cristão que já tenha acumulado alguma experiência de relacionamento pessoal com Deus, através da fé, a vivência das queixas apresentará uma mudança gradual e substancial na sua vida.

No ano 586 a.C. (e à luz dos textos de Jeremias 52:6-7, o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia (volume 2, pág. 987) avança mesmo com a data provável de 19 de julho, no nosso calendário atual) a cidade de Jerusalém, capital do reino de Judá (igualmente conhecido como o reino do sul), CAIU sob o poder do exército de Babilónia e, um mês e um dia depois (ver: Jeremias 52:12), provavelmente a 19 de agosto de 586 a.C., foi brutalmente INCENDIADA e DESTRUÍDA:

"Nebuzaradã, o chefe da guarda e servidor do rei da Babilónia, veio a Jerusalém. E queimou a Casa do SENHOR e a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém; também entregou às chamas todos os edifícios importantes. Todo o exército dos caldeus que estava com o chefe da guarda derrubou todos os muros em redor de Jerusalém." (Jeremias 52:12-14).

Mas, precedendo a destruição da cidade de Jerusalém, houve algo não menos terrível que aconteceu à cidade, ou melhor, aos habitantes da mesma, a saber, um terrível CERCO feito pelas tropas babilónicas e que durou nada menos do que 2 anos, 6 meses e 4 dias, mais precisamente de 15 de janeiro de 588 a.C. a 19 de julho de 586 a.C. (ver: Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, volume 2, pág. 987). Como é fácil de compreender, esse cerco feito pelos babilónios à cidade de Jerusalém, provocou a completa depleção dos bens alimentares na cidade sitiada e a consequente fome horrível que se seguiu ("quando a cidade se via apertada da fome, e não havia pão para o povo da terra, então, a cidade foi arrombada" - Jeremias 52:6 e 7). A fome foi tão terrível que as "mães comeram os seus próprios filhos na extremidade, e a pele dos doentes tornou-se negra e ressequida" (Lamentações de Jeremias 2:11, 12, 19, 20; 4:3-10; 5:10). O Senhor tinha advertido o Seu povo que tais condições terríveis seriam o resultado da transgressão (Levítico 26:29; Deuteronómio 28:53-57; Jeremias 14:12-16; 15:2; 27:8, 13; Ezequiel 4:16, 17; 5:10, 12)." (ibidem). E muitos dos que tinham sobrevivido à fome resultante do cerco, "o rei dos caldeus... matou os seus jovens à espada, na casa do Seu santuário; e não teve piedade nem dos jovens nem das donzelas, nem dos velhos nem dos mais avançados em idade" (2 Crónicas 36:17), e "os que escaparam da espada, a esses levou ele para a Babilónia, onde se tornaram seus servos e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia" (2 Crónicas 36:20). E isto "para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram" (2 Crónicas 36:21).

Antes do cerco e da destruição da cidade de Jerusalém, destruição essa que, como vimos, ocorreu no ano de 586 a.C., os babilónios tinham
levado a efeito DUAS INVASÕES PRÉVIAS ao reino de Judá:

- A PRIMEIRA dessas invasões teve lugar no ano 605 a.C. (o ano do início do reinado de Nabucodonosor) e dessa invasão resultou o exílio de Daniel e dos seus três companheiros, Hananias, Misael e Azarias: "Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento [BABILÓNIA TEM UMA APETÊNCIA ESPECIAL pelos jovens, mas sobretudos pelos jovens "de linhagem real", "sem nenhum defeito", "de boa aparência", "instruídos em toda a sabedoria", "doutos em ciência" e "versados no conhecimento"]... Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias" (Daniel 1:3-4, 6);

- A SEGUNDA dessas invasões teve lugar no ano 597 a.C. e dessa invasão resultou o exílio do rei Jeoaquim (ver: 2 Crónicas 36:5-8), do profeta Ezequiel (ver: Ezequiel 1:1-3) e de grande parte da sua população das classes mais elevadas (ver: 2 Reis 24:14);

- A TERCEIRA dessas invasões resultou, como já vimos, no cerco e destruição da cidade de Jerusalém (588-586 a.C.), com a consequente deportação da maior parte da população de Judá para Babilónia. "Porém os mais pobres da terra deixou Nebuzaradã, o chefe da guarda, ficar alguns para vinheiros e para lavradores" (Jeremias 52:16). O profeta Jeremias tinha permanecido na cidade de Jerusalém após as duas primeiras invasões babilónicas e, por essa razão, viveu em Jerusalém DURANTE O CERCO da mesma (de 588 a 586 a.C.) e viu a cidade ser destruída. Os horrores desse cerco, Jeremias os descreveu no seu livro "Lamentações de Jeremias" (compreendem agora a razão de ser do título desse seu livro, correto?).

É fácil de imaginar, aquando do cerco de Jerusalém, uma esmagadora maioria dos seus habitantes, para não dizer mesmo TODOS, a QUEIXAREM-SE das terríveis condições em que viviam e, muito provavelmente, a trocarem entre si acusações mútuas sobre as CAUSAS da situação de crise em que estavam a viver! Foi precisamente NESSE CONTEXTO, que Jeremias proferiu estas solenes palavras: "Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados." (Lamentações de Jeremias 3:39).

Numa altura em que as atuais "forças de Babilónia" se preparam para cercar (ou já estão a cercar) a "atual Jerusalém" ("quem lê entenda" - Mateus 24:15), é de VITAL IMPORTÂNCIA que CADA UM DE NÓS ATENDA A ESTE APELO feito por um genuíno profeta do SENHOR (tanto mais que as condições do atual povo de Deus irão ser, seguramente, CADA VEZ MAIS SEMELHANTES às condições do antigo cerco de Jerusalém): "QUEIXE-SE CADA UM DOS SEUS PRÓPRIOS PECADOS." (Lamentações de Jeremias 3:39). Todos os habitantes de Jerusalém que viviam a situação do cerco de Jerusalém tinham, seguramente, "culpas no cartório", pois "não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque" (Eclesiastes 7:20), mas passavam o tempo a fazerem queixas (daí a pergunta do profeta Jeremias: "por que, pois, se QUEIXA o homem vivente?") que não lhes aproveitavam PARA NADA! E, segundo o profeta do Senhor, as ÚNICAS QUEIXAS LEGÍTIMAS que eles poderiam e deveriam fazer, era que cada um se queixasse, sim, MAS "DOS SEUS PRÓPRIOS PECADOS"! Seremos nós, hoje, diferentes dos antigos judeus? Certamente que não! Daí que: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22)!

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